De tantas e tantas dores espalhadas por aí, uma das que mais doem é a da solidão. Dói assim tanto, que quanto mais a gente chora, mais ela dói. E quanto mais dói, mais nos isola. O mundo sofre de solidão. Ah, sim, sofre! Todo mundo anda tão preocupado com as doenças ditas modernas e que se espalham numa velocidade assustadora, mas poucos pensam nessa doença que nem matar mata, mas isola. E ela é tão devastadora quanto qualquer outra, mas de maneira diferente. As pessoas disfarçam trancadas em suas casas ou seus apartamentos, diante de um computador, onde as amizades virtuais tomam um lugar de suma importância. É que há muitos solitários se amparando, até mesmo sem saber. Mas é no momento de ir dormir que sentem essa dor que vai corroendo o peito e ficam torcendo para o sono chegar logo. Não inventaram um remédio para acabar com a solidão. É que não precisa, pois ele sempre existiu. É suficiente pensar um pouquinho em quem está do lado, quem não tem ninguém, quem viveu, se deu e fica esperando ainda da vida o retorno... Quem quer contar histórias, mas não encontra ninguém com tempo ou paciência para ouvir... quem a vida podou de pais, filhos, irmãos... há em torno de cada um de nós alguém assim, quando não somos, nós mesmos, aquela pessoa que está precisando tanto de uma mão que aperte a nossa. Não é preciso conhecer matemática para sabermos que um mais um fazem dois e, mais ainda: um triste mais um triste podem fazer dois felizes. Oferecer a alguém a oportunidade de sentir-se menos só, nem que seja um pouco, um dia, já é acender uma velinha no coração dessa pessoa. Não sei por que hesitamos tanto! Talvez porque pedimos tantas coisas a Deus e nos esquecemos de pedir que faça chover amor. E isso é muito, muito importante.
Letícia Thompson