Uma das mais belas qualidades humanas é a lealdade. Quanta grandeza em saber reconhecer um benefício com gestos de fidelidade.
Mas não é isso o que vemos sempre pelo mundo. Muito pelo contrário.
O mais frequente é encontrarmos por toda parte o desamor como pagamento aqueles que estendem a mão em auxílio ao próximo.
Quantas vezes vemos amizades e famílias desfeitas, boas lembranças esquecidas. Tudo em nome da deslealdade, que nada mais é do que uma forma de ingratidão.
Assim, vale a pena refletirmos sobre a natureza do que é desleal. Quem agiria assim? Quem seria capaz de pagar um benefício com uma traição? E por que razão faria isso?
Vamos responder por partes. Desleal costuma ser a maior parte da humanidade em algum momento da vida.
Dificílimo é encontrar alguém que sempre age corretamente, que pauta seus atos pela extrema correção, em todas as ocasiões.
Por outro lado, as razões que levam à deslealdade são sempre baseadas no egoísmo. O egoísta não se preocupa com o bem-estar do outro. Para ele, seus interesses vêm em primeiro lugar.
Por isso, o egoísta não se envergonha em atraiçoar aquele que lhe estendeu a mão amiga. Movido por interesses financeiros, por orgulho ou vaidade, não hesita em dar as costas para um amigo ou um ser querido.
E o que é alvo de um gesto de deslealdade – o que deve fazer?
Antes de tudo cabe não julgar. O desleal é alguém doente. Não um doente do corpo, mas um doente da alma, a quem nos cabe perdoar.
Perdoar? Sim, perdoar. Costumamos afastar de nosso dia a dia a prática do perdão. Falamos tanto em perdão e enaltecemos seu valor na hora da provação.
Mas basta que alguém nos fira, para imediatamente esquecermos tudo o que costumamos falar sobre a necessidade de perdoar o próximo. É uma conveniência.
Assim, diante da deslealdade, recordemos Jesus, que nos ensina a não resistir ao mal. É o Cristo que nos convida a pagar o mal com o bem, a oferecer a outra face, a perdoar constantemente.
O valor do perdão é maior quanto mais grave é a deslealdade. Quando o desleal é uma alma querida, a quem sempre oferecemos o melhor em termos de amizade.
Uma fórmula preciosa para esses instantes é recorrer à prece. A oração balsamiza a alma, acalma o coração, ilumina os dias. Se o coração do que é agredido está sereno, ele está liberto.
E o outro? Ah, a questão não é mais entre um e outro? A questão é entre Deus e cada um de nós. A questão é entre ele e Deus.
De nossa parte, devemos nos preocupar única e exclusivamente com a nossa consciência perante as Leis Divinas. Se estamos em paz, tudo está bem.
Isto, acredite, é também um exercício de desapego. Não contabilizar benefícios faz parte da essência da verdadeira caridade.
Se fizermos um bem a alguém, devemos fazê-lo por amor a Deus, pelo prazer de ser bom, pela alegria de ver os outros felizes.
Fazer o bem simplesmente, sem esperar recompensa, sem aguardar retribuição. Foi isso o que Jesus nos ensinou.
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