Artur da Távola
Não é o mais brilhante, mas é o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos.Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, a distância, as impossibilidades. Quando há afinidades, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto de onde foi interrompido.AFINIDADE é não haver tempo mediante a vida.É a vitória do adivinhado sobre o real, do subjetivo sobre o objetivo, do permanente sobre o passageiro, do básico sobre o superficial.Ter afinidade é muito raro, mas quando ela existe, não precisa de códigos verbais para se manifestar.Ela existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixam de estar juntas.AFINIDADE é pensar longe, pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem, sensibilizam.AFINIDADE é receber o que vem de dentro com uma aceitação anterior ao conhecimento.AFINIDADE é sentir com... nem sentir contra, sem sentir para... sentir com e não ter necessidade de explicação do que está sentindo. É olhar e perceber.AFINIDADE é um sentimento singular, discreto e independente. Pode existir a quilômetros de distância, mas é adivinhado na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar...AFINIDADE é retomar a relação no tempo em que parou.Porque ele (tempo) e ela (separação) nunca existiram.Foi apenas a oportunidade dada (tirada) pelo tempo para que a maturação pudesse ocorrer e que cada pessoa pudesse ser cada vez mais.