Tua ausência foi um anoitecer sem estrelas e sem lua. Sem mais sonhos para sonhar. Sem promessa de amanhã. Temporal furioso, tua ausência ocupou todos os espaços do céu e cobriu de negro cada astro. Sombreou cada chegada. Eclipsou a vida.
A tua ausência – caprichosa feito maga e rainha – decretou o fim dos planos feitos a dois. Impôs o lamento. Tornou o caminho sombrio e assustador. Levou os sorrisos da ingenuidade que espera.
Levou consigo as flores, os sonhos e fez de tudo um deserto. Deixou o frio, o medo e as sombras que a ausência traz.
A tua ausência me fez noite.
Se tivesse aprendido a tua ausência, não estaria agora tateando desorientado. Não estaria nesse diálogo absurdo dos que perambulam pelas ruas conversando com outros mundos e seres invisíveis. Não imaginaria filmes – que passam na mente – numa sessão de cinema sem fim. Não repetiria essa palavra a quase todo instante. Não procuraria palavras jogadas pelos cantos.
Se tivesse aprendido a tua ausência, não teria desaprendido o sorrir. Não moldaria sonhos em forma de coração e de entrega.
Não vestiria a alma com essas roupas surradas do passado.
Eu seria luz, se tivesse aprendido.
No container do coração, ficaram esperanças, sentimentos, desejos e o melhor querer. Tudo possível do amor, agora catalogado em um arquivo morto entre velhos jornais.
Se tivesse aprendido a tua ausência, não mais ouviria nenhuma canção tocando em mim. Não seria cais de embarcações que apenas partem.
Saberia ser feliz até nunca mais! Afastaria de mim, para sempre, esse horror de ter me tornado noite.
Se tivesse aprendido a tua ausência, eu não teria esse medo de nunca mais amanhecer. Não viveria essa angústia feita de recordação, saudade e loucura.
Saberia morrer em paz e uma só vez. Sim, eu saberia!
Se tivesse aprendido essa tua ausência...
– Ah, meu Deus! Eu não seria desespero!
Paulo Moreira
A tua ausência – caprichosa feito maga e rainha – decretou o fim dos planos feitos a dois. Impôs o lamento. Tornou o caminho sombrio e assustador. Levou os sorrisos da ingenuidade que espera.
Levou consigo as flores, os sonhos e fez de tudo um deserto. Deixou o frio, o medo e as sombras que a ausência traz.
A tua ausência me fez noite.
Se tivesse aprendido a tua ausência, não estaria agora tateando desorientado. Não estaria nesse diálogo absurdo dos que perambulam pelas ruas conversando com outros mundos e seres invisíveis. Não imaginaria filmes – que passam na mente – numa sessão de cinema sem fim. Não repetiria essa palavra a quase todo instante. Não procuraria palavras jogadas pelos cantos.
Se tivesse aprendido a tua ausência, não teria desaprendido o sorrir. Não moldaria sonhos em forma de coração e de entrega.
Não vestiria a alma com essas roupas surradas do passado.
Eu seria luz, se tivesse aprendido.
No container do coração, ficaram esperanças, sentimentos, desejos e o melhor querer. Tudo possível do amor, agora catalogado em um arquivo morto entre velhos jornais.
Se tivesse aprendido a tua ausência, não mais ouviria nenhuma canção tocando em mim. Não seria cais de embarcações que apenas partem.
Saberia ser feliz até nunca mais! Afastaria de mim, para sempre, esse horror de ter me tornado noite.
Se tivesse aprendido a tua ausência, eu não teria esse medo de nunca mais amanhecer. Não viveria essa angústia feita de recordação, saudade e loucura.
Saberia morrer em paz e uma só vez. Sim, eu saberia!
Se tivesse aprendido essa tua ausência...
– Ah, meu Deus! Eu não seria desespero!
Paulo Moreira